Page 29 - Revista LER&Cia Edição 91
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Entrevista
forma com o livro, ao ver que o caminho de alguém pelo modelo de partnership, em que o executivo se
que eles admiram não foi tão linear assim. Ele não torna sócio para estar mais alinhado e comprometido
era o melhor aluno ou o funcionário brilhante nas com o resultado. A cultura da XP foi forjada nesse
empresas em que trabalhou. contexto, em que os sócios não tinham plano B,
estavam dedicados à companhia e principalmente
LER&CIA | Ao terminar Na raça, quais transformações a um propósito claro em comum. Para um
o leitor pode iniciar em sua vida profissional? empreendedor, significa também saber a hora certa
Maria Luíza Filgueiras | Guilherme nunca teve medo de mexer na equipe, mudar executivos de posição,
do ridículo, de ter uma ideia ou uma decisão criticada, entender que talvez quem foi ideal para uma fase da
não mudou sua postura quando os grandes bancos companhia não se encaixa em outra fase, e saber
e corretoras tradicionais debochavam do seu modelo motivar. O Guilherme cobra dos outros a dedicação
de negócio. Ele de alguma forma se abasteceu e a intensidade que ele imprime à empresa – se isso
dessas críticas, transformando-as em determinação. fosse só discurso, com certeza seria mais difícil ter
Essa pode ser uma lição relevante para perseguir e engajamento.
pensar fora da caixa na vida profissional e, no modelo
da XP, saber também que a execução é tão ou mais LER&CIA | Depois de anos acompanhando Guilherme
importante que a ideia inicial. Benchimol para registrar e contar sua história, quais
lições você levou para sua própria vida?
LER&CIA | No livro, você ressalta que nada irritava Maria Luíza Filgueiras | Acho que a principal delas
mais Benchimol do que a percepção de que seus é resiliência. Achava uma palavra batida, mas o
sócios não levavam a empresa tão a sério quanto ele. conceito fica muito claro ao longo dessa história
Em sua opinião, como empreendedores devem lidar e acabou se refletindo no processo do livro. A
com essa situação? princípio, o Guilherme não queria participar desse
Maria Luíza Filgueiras | Acredito que seja criando livro-reportagem, achava cedo para essa narrativa.
ferramentas na empresa para isso e construindo Foi com muita conversa e muita persistência, em
uma cultura corporativa que alinhe os objetivos e quase oito meses, que isso aconteceu. Quando lhe
a forma de conduzir as coisas. Na XP, isso foi feito entreguei o primeiro exemplar impresso pela editora,
ele disse: “Poxa, Malu, parabéns pela resiliência,
por não ter desistido do seu projeto!”. Foi só ali que
minha ficha caiu, eu nem tinha me dado conta dessa
lição ao longo de quase três anos de trabalho.
O Guilherme cobra dos outros a
dedicação e a intensidade que
DE: R$ 49,90 POR: ele imprime à empresa – se isso
R$ 44 ,90 fosse só discurso, com certeza
seria mais difícil ter engajamento.
Maria Luíza Filgueiras
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