Page 12 - Revista LER&Cia Edição 86
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LER&CIA / Entrevista


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           Como mãe de dois filhos, você passa por mo-
           mentos em que  as  crianças a “tiram do sério”?
           Como consegue lidar com as situações mais de-
           safiadoras?
           Passei e passo. Meus filhos são crianças nor-
           mais, que têm atitudes de crianças, enquanto
           a sociedade me cobra produção, agilidade e
           perfeição. Aprender a reconhecer minhas in-
           capacidades momentâneas me faz mais capaz
           de lidar com elas.


           Quais são os principais benefícios – para crianças e
           pais – de praticar a educação não violenta?
           Os benefícios são inúmeros. No campo pessoal,
           a criança cresce consciente de si, de suas potên-
           cias e de como lidar com as suas limitações. No
           interpessoal, aprende habilidades de relaciona-
           mento essenciais para um mundo melhor: em-
           patia, negociação, resolução de problemas. E
           no sistêmico, a sociedade se beneficia de rece-
           ber seres mais conscientes do seu papel na co-
           munidade.




              COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

                     A comunicação não violenta começa pelas emoções e decisões
                     racionais: o comunicador deve partir de empatia e compaixão decidindo
              1  que o objetivo daquele diálogo é a resolução de um problema.


                     Para que a comunicação aconteça de maneira não violenta, é necessário observar os fatos e não
                     fazer julgamentos sobre eles. Por exemplo, ao invés de falar para a criança “você é preguiçosa
              2  mesmo, olhe sua bagunça pela casa”, aponte o fato “vi que seus brinquedos estão espalhados”.


                     Observado o fato, explique como a situação afeta você (identifique suas emoções e necessidades)
                     e tente entender o sentimento da outra pessoa em relação a esse fato. “Eu fico irritada ao ver os
              3  brinquedos espalhados, pois sinto que você não está me ouvindo e me sinto sobrecarregada com as
                     tarefas de organização. Você está cansado demais para organizar suas coisas nesse momento?”



                     Ouça com empatia! Permita que a criança fale como está se sentindo, mesmo que não seja
                     agradável para você. Coloque-se no lugar dela, pensando como poderia ser, no exemplo
              4 mencionado, desagradável parar o que está fazendo para arrumar os brinquedos.
                     “Eu vejo que você está desanimado para organizar esses brinquedos agora.”


                     Expresse sua necessidade – que você identificou anteriormente – com um pedido claro,
                     citando ações concretas e sempre com uma linguagem positiva. Entender o sentimento
              5 do outro não significa aceitar uma atitude inadequada: “Preciso de sua cooperação, ou seja,
                     que organize seus brinquedos. Você pode começar colocando as bolas dentro da
                     caixa.” Use um tom de voz calmo, não faça chantagens e não grite. l


      12  MAIO E JUNHO DE 2019
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